Thursday, July 5, 2012

Um Momento

- Depressa... Depressa! Merda de pessoas que não se mexem. – pensava ela enquanto o comboio parava lentamente na estação. Tão rapidamente quanto podia, mas lentamente aos olhos do mundo, conseguiu chegar a porta de saída, e ser a primeira pessoa a pisar os degraus da carruagem. Ainda antes do seu pé tocar o chão, já a sua cabeça virava freneticamente em todas as direcções, na tentativa de o encontrar. Não estavam muitas pessoas na estação, mas aquela que lhe queria, não estava visível, e ela não conseguia encontrar a figura característica dele... - Bolas. Ele disse que estava aqui! Não se pode ter atrasado... Por favor. – foi o pensamento que lhe cruzou a mente enquanto andava de um lado para o outro, no meio dos poucos passageiros que por ali estavam. Levou a mão ao bolso para procurar o telemóvel, mas num breve instante, viu-o. O cabelo desalinhado, e o olhar, azul límpido, fixo no horizonte, como se procurasse alguém. Como se procurasse a ela... No segundo em que os olhares de ambos se cruzaram, ele parou. Ela, no entanto, começou a correr de encontro a ele. Ouviam-se os barulhos dos seus passos apressados a ecoar nas paredes, e o chocalhar de tralhas na mala dela, enquanto corria e evitava as pessoas que teimavam em intrometer-se no caminho de ambos. A respiração dela parou, na ânsia de fazer o seu corpo chegar mais depressa ao dele, e o seu cabelo não era mais que um emaranhado de pequenas ondas acastanhadas que voava pelo ar... Ele ficou espantado, tanto pela atitude dela, como pelo ar adorável que emanava dela no meio daquela confusão toda. E a sua única reacção foi não reagir. Deixou-se ficar a olhar, a registar cada pedaço de imagem, cada segundo, na sua mente, pois poucas coisas na vida teriam tanta beleza como aquele momento. O que estava a sua volta deixou de ter significado, e nada para além daquele corpo que corria de frente para ele conseguia abstrai-lo do seu foco de atenção. Deixou cair o ramo de flores que tinha trazido, e no momento em que ela se lançou para ele e pôs os braços em volta do seu pescoço, ele envolveu-a com um abraço forte pela cintura, puxando-a para junto de si, Aspirou o aroma que vinha do perfume dela, do pescoço dela, dos cabelos dela, do ser dela... Olhou-a nos olhos, e beijou-a. Lentamente de início, um pouco a medo, mas sentindo que ela retribuía o seu avanço, deixou sair o carinho e paixão que sentia em si, e intensificou o querer daquele beijo, tentando pôr um pouco da sua alma e de si mesmo naquele momento que, na mente de ambos, deveria durar para sempre. Quando a realidade voltou e o mundo começou a girar, estavam ambos com os olhos a brilhar, sorridentes, e de respiração pesada. Ela fixou o olhar nele, e sem parar de sorrir, disse finalmente: - Cheguei.

Thursday, July 15, 2010

Sob um céu estrelado

Ele seguia, com ela a seu lado, sem saber bem onde estavam.
Conduzia numa estrada ladeada de àrvores, curvadas à passagem do carro que seguia lentamente.

Onde vamos? - perguntou ela, na sua voz de menina ensonada, com os pés apoiados no vidro, e os caracóis a esvoaçar ao vento.

Não sei. - disse ele. Mas estou a gostar de estar aqui, sinto-me bem, portanto acho que podemos continuar. Queres?

Claro, querido.

Na rádio tocavam músicas calmas, alegres, intercaladas por anúncios que não lhes interessavam. Aqueles momentos assemelhavam-se à perfeição, e tudo o resto era indiferente.

Sorri! - disse ele, enquanto fazia o gesto de tirar uma fotografia com uma máquina imaginária.

O quê? - perguntou ela.

Quero tirar-te uma foto imaginária, para ficar gravada na minha memória.

Ela riu-se, como que a fazer troça dele, mas ainda assim correspondeu ao pedido, fazendo uma careta amorosa, enquanto ele a olhava, enternecido.
À medida que o dia ia avançando, a luz do sol deu lugar ao escuro da noite.

Olha. - disse ela, apontando para o céu. - Já se vêem estrelas... Podemos parar um pouco? Quero ficar a observa-las contigo, por um bocado.

Claro.

O carro parou, e eles saíram. Ao caminhar, as folhas secas estalavam debaixo dos seus pés. Ela ia descalça, dançando levemente ao som da música que se ouvia ao longe vinda do rádio, com o vestido a rodopiar ao ritmo da brisa que se fazia sentir.
Ele sentou-se de costas apoiadas numa àrvore, e ela anichou-se contra o peito dele.

Sabes, fazes-me sentir tão bem, assim... Sinto-me protegida, sinto que nada me pode magoar, e sinto que gostas de mim.

É bom sabê-lo... Porque é isso que te quero fazer sentir.

Obrigada, querido.

Passado um pouco, ela adormeceu nos braços dele, e ele deixou-se ficar a olhar para a rosto dela. Apesar da pouca luz que havia, ele conseguia distinguir perfeitamente a silhueta dela, os seus traços de beleza...
Ele disse-lhe novamente, baixinho - Sorri... - e ouviu-se o "clique" da máquina imaginária. Falou para si mesmo, num murmúrio quase inaudível:

Estamos bem. Estamos muito bem...

Friday, July 9, 2010

Na praia, sob o luar.

Caminhamos lado a lado. Calmamente, não há pressa...
Tu, agarrada ao meu braço, estás perfeita.
O sorriso dos teus lábios combina com o brilho dos teus olhos, e faz com que também eu sorria.
Fazes-me feliz só por ter...

Sussurras-me ao ouvido que todos nos olham, por onde passamos. Que olhem! Nós é que sabemos, nós é que estamos certos, eu e tu...

Puxas-me, fazes-me parar, e aproximas os teus olhos dos meus. Estamos tão juntinhos que consigo sentir o doce aroma que vem da tua pele... Fecho os olhos, e apesar de saber o que vai acontecer, nunca me sinto preparado para o impacto que tens em mim. É avassalador, o que me fazes sentir! É tanto, tão forte, e mexe de tal forma comigo que não sei como as pessoas conseguem continuar impávidas, sem sentir a energia que libertamos...

Unes-te a mim, apaixonadamente formamos um só, e fazes-me viajar sem rumo. São breves instantes que me fazem estar grato por te ter...

E sem que dê conta, volto a mim. Recomeçamos o nosso caminho, e deixas-me a desejar que paremos de novo, para me levares àqueles sítios mágicos que só nós conhecemos...

Para ti, Cláudia.

Tuesday, May 5, 2009

Uma Noite

Subimos as escadas, silenciosos, com medo de encontrar alguém que nos proibisse de levar avante a nossa aventura;
No escuro, sussurrávamos um para o outro, com a tensão e o nervosismo a subir, à medida em que também nós íamos chegando mais perto do nosso refúgio para aquela noite.

Após uma ou duas tentativas frustradas, finalmente tínhamos chegado. Estávamos ali, apenas nós dois, qual de nós mais nervoso...
Fechei a porta, e o mundo separou-se de nós. Estávamos sozinhos, com o resto do mundo lá fora, separado por uma porta. Falámos um pouco, tentando quebrar o gelo, mas era impossível. A noite estava quente, o quarto era abafado, e ambos não sabíamos o que dizer. Bom, pelo menos eu não sabia. Tu, se sabias, não o mostraste... Tímida, dizias? Pois claro...

Mas quem diria que um chão, quatro paredes, e uma janelinha lá no alto com vista para uma imensidão de escuro, seriam tudo o que era preciso para uma noite perfeita? Nunca imaginaria... E ainda assim, foi o que me deste, foi o que me fizeste sentir. Foi tudo o que quis.

Juntos, como ambos prometemos estar vezes a fio, abraçados, com o toque dos meus dedos na tua pele, com o teu aroma a elevar-se no ar, dando uma ilusão exótica àquele quarto que foi um Mundo fora do mundo, fizeste-me rei daquelas quatro paredes, e deste-me tudo o que podia pedir nos meus desejos mais secretos...

Foi único, fez-me desejar que nunca acabasse, e guardei cada segundo na minha memória. É algo que ninguém nos pode tirar, e que não quero partilhar com mais ninguém.
Quero sim, repeti-lo, vezes e vezes sem conta.

O quartinho, só nosso, fechado para o mundo, da janela com vista para as estrelas, onde me perdi contigo...

Tuesday, April 21, 2009

Just another regular two guys.

I don´t wanna stay. Take me by the hand, lets run away.
We will leave it all behind, get a fresh start. No one needs to know...
I´ll hold the pain, release me. I´m strong enough.

Monday, April 20, 2009

Diário de um velho

Podia dizer mil e uma coisas, podia gritar e espernear, podia escrever folhas até gastar todas as arvores e todo o papel e toda a tinta; tudo se resumia a uma palavra.

Podia ir para todos os sítios possíveis e imagináveis, podia procurar em todos os recantos escuros, em todos os bancos de jardim, em cada pedaço de areia da praia, que tenho a certeza que nao te encontrava.

És quem mais feliz me faz, quem me compreende e quem me ouve, quem sabe todo o mais pequeno pormenor meu, quem sabe todos os meus medos, quem ouviu as minhas alegrias, quem esteve presente quando precisei, quem me deu a mão quando à minha volta todos se afastavam.

És a maior, e eu gosto de ti.

Mas diz-me, onde estás?

Tin Man

Conserta-me. Pega nas peças de mim que estão estragadas, partidas, amolgadas, ferrugentas, e usa a tua magia, faz como quiseres, usa os teus contactos secretos, mas traz-me novas.
Desmonta-me todo se for preciso, começa do zero, limpa as partes que estão sujas... Quero ficar inteiro, quero ser normal, quero poder sorrir, quero andar, quero olhar o céu, quero parar e ver que tudo está bem, que o pior já passou.

Leva o teu tempo, não tenho pressa. Acredito que vai ser melhor, confio em ti, e sei que vais dar o teu melhor. Tenho apenas um pedido para ti.

Não quero coração...

Sunday, April 19, 2009

what if ... ?

E se tudo fosse diferente?
Se o meu acordar fosse na casinha junto à praia, com a cama de rede no alpendre, e a janela de madeira de onde pudesse sentar-me a ver o mar, todos os dias;

Saía da cama com cuidado para não te incomodar, e parava, não querendo abalar o teu mundo. Observava-te minuciosamente, cada traço do teu rosto, a tua mão a sair debaixo da roupa, o teu respirar calmo e pacífico, a tua beleza arrebatadora...

Passeávamos lado a lado, de pés descalços na areia, calados, cada qual no seu mundo fechado. Sentava na areia, e tu pousavas a tua cabeça no meu colo. Deixavas que passasse os dedos no teu cabelo, na tua face, deixavas acarinhar-te. Fazias-me sentir bem, falavas comigo, e fazias-me alegre.

E de noite, ficávamos os dois, na cama de rede, juntinhos, a ver o escuro do céu pintalgado de estrelas, entrelaçados um no outro... Na casinha junto à praia, só minha e tua, onde mais ninguém entrava.

Ai, se fosse assim, diferente...

Wednesday, October 3, 2007

Alone Im Afraid

Qualquer que seja a direcção que escolha, sinto-me sempre observado.
Pontos brilhantes mostram-se fugazmente na escuridão que me envolve e me quer levar para os seus confins.

Corro sem parar, não quero deixar-me agarrar pelas garras que tentam, com uma ineficácia perigosa, dilacerar-me; tentam e tentam uma e outra vez,e eu corro...
Olho a minha volta e ouço os sons da luxúria e tentação, sons de prazer e vaidade que me chamam com promessas indecentes.

Mas não quero desistir, quero seguir a minha escolha, quero ir em frente, em direcção a ti.Porque contigo todos os medos desaparecem, nenhuma hesitação persiste, tudo se torna claro.

Contigo a meu lado sinto-me seguro, tranquilo, consciente...Não preciso de correr, pois não há para onde ir, cheguei ao meu destino, posso descansar, deixar de ter medo, e apreciar a tua presença...